domingo, 28 de agosto de 2011

FERNANDO AGUIAR


Nasceu em 1956 – Lisboa, Portugal

Estudos

Licenciado em Design de Comunicação pela Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa.
Doutorando em Arte Multimédia pela Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa.

Vive e trabalha em Lisboa.

Fernando Aguiar desenvolve, levando ao seu extremo, a tentativa de transversalidade que instaura a poesia visual. Este artista procura articular as diversas disciplinas artísticas, que ele utiliza, de modo a constituir uma obra de referencialidades e relacionamentos variáveis.

Talvez não seja apropriado utilizar o termo corpo para a obra deste artista, uma vez que a diversidade de técnicas e médiuns empregues na sua constituição, invalida qualquer relação de carácter antropomórfico como também qualquer possibilidade de a assemelhar a um simples corpo textual. O modo como se estende e se produz a obra de Fernando Aguiar faz-nos identificá-la com uma rede. É nessa rede que se processam continuamente os reenvios dos momentos de enunciação que tiveram lugar nas performances realizadas pelo artista.

Deste modo, parece mais pertinente identificar as pinturas, os livros e as acções poéticas deste artista, como elementos constituintes de uma extensa rede em que não há nem saídas nem entradas previamente estabelecidas. O que há é simplesmente um constante jogo de relações de intensidade que provocam diferenças de potencial entre esses elementos, permitindo assim, o continuo fluir das imagens, das mensagens. Em última instância, na obra de Fernando Aguiar existe a vontade de um autor em procurar expandir os domínios e acessibilidades dessa rede na finalidade de integrar cada vez mais o maior número possível de participantes, e paralelamente existe também, a secreta esperança de reconhecer-se num qualquer estremecimento provocado pela intensidade dessas comunicações.

Augusto Carvacho in “Dinâmicas a partir do Inevitável”,
Centro de Artes e Espectáculos, Figueira da Foz

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

ANTÓNIO BARROS


Nasceu em 1953 –  Funchal, Ilha da Madeira
Estudou                   
Facultat de Belles Arts, Universitat de Barcelona 
Universidade de Coimbra
Vive e trabalha em Coimbra
[ Obgestos ] • Segmento: 2.3
Em “Artistas Portugueses na Colecção da Fundação de Serralves” é o director do Museu, João Fernandes, quem enuncia: “António Barros é dos nomes relevantes do contexto da poesia experimental e das artes performativas em Portugal. A obra de António Barros objectualiza e espacializa o texto, explorando novas polissemias originadas pelo cruzamento da textualidade com uma visualidade iconoclasta e irreverente”.

De sensibilidade fluxista, a sua obra convoca não só uma arte de situação debordeana como ainda a Escultura Social de Joseph Beuys, tendo também trabalhado com Wolf Vostell no Vostell Fluxus Zug, Das Mobile Museum Kunst Akademie em Leverkusen.

Se as suas artitudes convocam o situacionismo de Guy Debord ao visitar a poésie directe francesa, Lawrence Ferlinghetti, pioneiro do Movimento da Beat Generation para a poesia - quando destaca a obra performativa “Revolução” em Cogolin, 1986 -, e Julien Blaine-ao publicar “TrAdição” e “Escravos” na revista Doc(k)s -, são quem primeiro internacionaliza a arte de António Barros.

Esta última atitude em objecto-texto, é a que em 1984 um júri-integrando Sophia de Mello Breyner Andresen, David Mourão Ferreira, Urbano Tavares Rodrigues, José Carlos de Vasconcelos, Maria Velho da Costa e Manuel Alegre –, destacou no Concurso Nacional de Poesia 10 Anos do 25 de Abril, resultando este texto num elemento identitário do seu percurso “Visualista” - onde o objecto e a palavra sinergicamente se insinuam.

A resiliência com que sinaliza os seus gestos de escrita [progestos], leva-o ainda à territorialidade do objecto escultural, vindo a criar, e para além dos seus múltiplos environments como “Algias, NostAlgias” e “Amant Alterna Camenae”, o Prémio de Estudos Fílmicos Universidade de Coimbra, com que foram laureados Alain Resnais, Manuel Oliveira e João Bénard da Costa.

ANTÓNIO NELOS


Nasceu na Madeira em 20 de Outubro de 1949


Estudos       
Bacharelato em Artes Plásticas e Design no Instituto Superior de Artes Plásticas da Madeira
Licenciatura em Design de Comunicação na Faculdade de Belas Artes de Lisboa.
Estudos de serigrafia e design gráfico em Bruxelas.

Vive e trabalha em Setúbal

O “projecto” que apresento insere – se numa área de trabalho que tenho desenvolvido desde os anos 80, a electrografia.
Tem como ponto de partida, a recolha e selecção de imagens recolhidas de jornais e revistas e seu tratamento e transformação através da fotocopiadora.
As imagens são submetidas a uma série de operações e manipulações que as transfiguram. A intervenção da máquina participa dessa transfiguração e aí há sempre qualquer coisa que nos ultrapassa e nos conduz a territórios desconhecidos e fascinantes.


Na obra que apresento há uma sobreposição de elementos mecânicos com elementos orgânicos e também linguísticos. O elemento orgânico em destaque é o corpo humano, dilacerado pelas contingências do tempo. Mas é apenas um fragmento, de uma realidade maior e terrível.
Como diria o meu amigo relojoeiro “as horas todas ferem, a última mata”

SILVESTRE PESTANA


Nasceu em 1949 –  Funchal, Ilha da Madeira
Estudou                


Licenciatura em Artes Gráficas e Design pela E.S.B.A.P 1980 Pós – Graduate in arts and Design Education pela De Montford University | Leicester, England 1996.
Master in Arts – Art and Design Education pela De Montford University | Leicester, England 1998.
Vive e trabalha em Coimbra



Reflexão do artista:

Nas sociedades formatas pelos meios de informação global “a realidade” apresenta-se como uma ficção sofisticada de emoções fabricadas que são apresentadas ao grande público como últimas e incontestadas soluções.

Cabe ao artista enquanto cidadão refrear esse narcisismo apocalíptico de permanentes desgraças anunciadas e em seu lugar falar sempre de uma realidade “outra” que ultrapasse o poder esmagador do programa oficial ficcionado.


Silvestre Pestana

XAVIER TAVERA


Nasceu em 1971 –  México
 Estudou: 
MN Photography no Minneapolis Colege of Art and Design 1997|98
Law School, Universidad Autónoma Metropolitana, México 1993 | 96        

Vive e trabalha no México


Instruções para quem observa a lona

Olhe para cima e veja com os pés bem postos no chão os equilibristas a deslizar na corda. Você sentirá um estranho vazio no estômago que pode ser destruído olhando para o chão. Olhe novamente para cima, lembre-se que entre seus olhos e os equilibristas há um abismo. 

Pense no vento que acaricia os equilibristas no seu caminho de volta sem poder entornar o copo de vidro. Veja como cada passo que dão para a frente aproximam-se mais do outro lado e os distanciam do ponto de partida. Sentirá que talvez seja um pouco de tonturas, porque olhando para cima, não é possível ver o chão por onde eles andam. Elimina a vertigem olhando novamente para a corda que os sustenta . 

Sinta o seu peso distribuído nas solas dos seus pés e imagine o peso dos acrobatas num cabo estreito. Assim como você compartilha os efeitos da gravidade com o resto do mundo, também compartilham da mesma fraqueza sentida pelos andadores suspensos no ar. Respire profundamente, ao caminhar pense sempre no apoio do chão em cada passo que dê e lembre-se, mais que voar, o equilibrista anda pelo ar.


Xavier Tavera

ANA VIDIGAL


Nasceu em Lisboa, em 1960.


Estudos                

Curso de Pintura da Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa em 1984.
Bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian (1985/1987)
Estágio de Gravura em Metal com Bartolomeu Cid, Casa das Artes de Tavira (1989).

 Vive e trabalha em Lisboa.

“O modo como Vidigal lida com o ornamento e o decorativo – papéis de embrulho, padrões múltiplos e variados – é subtilmente cáustico. Equaciona os padrões oriundos das mais banais funções – florinhas, bonecos, papéis de parede, moldes de revista de costura – com o vocabulário modernista e abstracto-geométrico. “

“Sem nunca ser ostensiva ou propagandística mas sempre lúdica, por vezes marota, a obra de Vidigal é atravessada pela crítica social e de costumes à sociedade portuguesa: uma espécie de retrato iconográfico dos últimos trinta anos de uma jovem democracia ainda atravessada por muitos anacronismos, moralismos e assimetrias. Não o faz através de dispositivos como o documentário, a entrevista, o depoimento ou os documentos históricos, mas antes por um vocabulário artístico constituído a partir das imagens com que crescemos, dos livros infantis à banda desenhada – os primeiros veículos de concepções do mundo e da sociedade que nos enformam e formam.”

“Estamos então perante alguém que «arruma» a história por cores e imagens, e não por datas e factos, que entrelaça a chamada alta e baixa cultura, o suave com o duro, o imediato com o complexo, o plano pessoal com o social e político (…)”

Isabel Carlos
 in catálogo da exposição Menina Limpa Menina Suja,
CAM, Fundação Calouste Gulbenkian 
Julho - Setembro 2010

MIGUEL YONAMINE


Nasceu em Luanda, em 1975

 Vive e trabalha em Lisboa

 «Somos o lixo do mundo»

Esta frase retirada do filme Fight Club (David Fincher, 1999) poderá ser aplicada quer à condição humana, especialmente na cultura contemporânea, quer igualmente à forma como certos artistas trabalham hoje em dia.

No caso de Yonamine esta sentença tem um duplo sentido: pela via dos materiais que utiliza, reciclando memórias e objectos que vai encontrando no seu percurso, e pela forma como dirige uma crítica viva e humorística dos factos históricos e sociais do nosso tempo...

Yonamine duvida, questiona, e ao fazê-lo traz à superfície os espectros que voluntariamente deixamos adormecidos. Desta maneira, procede a um inquérito exaustivo e pessoal do material humano que está à sua disposição, resgatando as dores do mundo numa estética oposta a este sentimento: pop, viva, colorida, fresca e divertida.

Este artista traduz, no verdadeiro sentido da palavra. Retoma determinadas linguagens provenientes do seu background, pela via da tradição que permanece (como acontece com as referências tais como as escarificações tribais e as kinguilas angolanas) ou pela via da actualidade (em acontecimentos recentes da história), e procede a uma espécie de traição operada pela arte da originalidade das mesmas.

Não é apenas no conteúdo que este artista é complexo e multifacetado. O seu modus operandi varia desde a colagem, à pintura, ao grafitti e ao vídeo, dedicando-se à tela como um construtor de mundos, destruindo unidades espaciais, temporais e materiais.(...)

Carla de Utra Mendes, Lisboa 2011

LUIS AMIM

Nasceu em 1959 na Fajã da Ovelha, Calheta, Madeira

Estudos:
     
Frequentou o atelier livre do Instituto Superior de Artes Plásticas da  
Madeira,  1981 | 85, como aluno Extraordinário estudando.
Gravura e Desenho entre 1982 e1983; Fotografia de Laboratório entre 
1985 | 86.

Vive e trabalha em Lisboa


Homenagem.


Nasci na Fajã da Ovelha e vivi na Ponta do Pargo.
Tenho como referência na minha vida os meus primeiros anos de existência no campo, durante a minha infância e parte da minha adolescência
vivi, convivi e participei nos rituais do campo com as pessoas destas freguesias em que lhes chamo de minhas gentes.

Estas gentes simples e humanas eram ricas na sua cultura e conhecimentos ancestrais que foram passados de geração em geração.

Adquiri assim por transmissão o meu maior património humano da minha gente. É com este património de convivência que tive, que me dá a calma, o equilíbrio e a harmonia para criar arte e também para viver no meio urbano turbulento, caótico, excêntrico e contraditório que é a vida na Capital.

A homenagem que presto às minhas gentes principalmente as do passado não é nenhum saudosismo mas sim um simples obrigado.

Nesta obra que é abstracta, representa simbolicamente as minhas gentes, nela expressa também uma espiritualidade ancestral, diria mesmo gótica, imaginemos portanto que estamos dentro de um monumento Gótico a sentir toda a sua comunicabilidade, que ele tem de nos elevar os espíritos aos céus. Pois bem, esta obra aqui exposta seria por ventura um dos seus vitrais que emana a sua luz envolvendo o espectador no seu retiro espiritual.

WANG PING


Nasceu em Shanghai, China

Vive e trabalha em St. Paul, Minnesota, EUA

Wang Ping nasceu na China e chegou aos EUA em 1986. Fundadora e directora do “Kinship Rivers Project ”, um projecto que iniciou à cinco anos e que constrói um sentimento de parentesco entre as pessoas que vivem ao longo dos rios de  Mississippi e Yangtze através da troca de presentes de arte, poesia, histórias, música, dança e comida . Conjuntamente com  outros artistas e poetas, ela tem desenvolvido o ensino da poesia e da arte, esta última através de oficinas para crianças e idosos ao longo das comunidades ribeirinhas, produzindo milhares de bandeiras como presentes que serão trazidas para o Mississippi durante 2011-12 e para o Yangtze em 2013.

Na área da literatura as suas publicações incluem: Visa American (contos, 1994); Foreign Devil (romance, 1996); Of Flesh and Spirit (poesia, 1998); The Magic Whip (poesia, 2003); The Last Communist Virgin (contos, 2007); All Roads to Joy: Memories along the Yangtze (Brevemente 2012); all from Coffee House. Nova Geração: Poesia da China Hoje (1999), esta última uma antologia que ela editou e co-traduzido, sendo publicado pela Hanging Loose. Flash Cards: Poemas de Yu Jian, co-tradução com Ron Padgett, 2010 from Zephyr. Aching for Beauty: Footbinding in China (2000, University of Minnesota Press).

Vencedora do Prémio Eugene Kayden para o Melhor Livro de Ciências Humanas, em 2002, sendo que a editora Random House publicou o seu livro de bolso. Em 2008 ganha a distinção de  Book Award Minnesota e Asian American Studies, com o seu livro : The Last Communist Virgin.

Expões regularmente, destacando-se exposições como a de fotografia e multimédia - Behind the Gate: After the Flooding of the Three Gorges” at Janet Fine Art Gallery, Macalester College, 2007 e “All Roads to Lhasa” at Banfill-Lock Cultural Center, 2008.

Colaborou com o cineasta britânico Isaac Julien no Ten Thousand Waves, uma instalação de filme sobre a imigração ilegal chinesa em Londres.

Wang Ping é recipiente aos prémios do National Endowment for the Arts; National Endowment for the Arts, New York Foundation for the Arts, New York State Council of the Arts, Minnesota State Arts Board, the Bush Artist Fellowship, Lannan Foundation Fellowship, Vermont Studio Center Fellowship, and the McKnight Artist Fellowship.

ISABEL SANTA CLARA


Nasceu na Ilha da Madeira


Estudos :  

Concluiu o curso de Pintura na AMBAM em 1775.
Docente no Centro de Artes e Humanidades da Universidade da Madeira.


Vive e Trabalha na Ilha da Madeira

 A paisagem oferece, a nómadas e a sedentários, trajectos e obstáculos, pode ser inóspita ou habitável, fatal ou amena, vivida ou sonhada. Constitui a nossa possibilidade de conexão com o mundo, pois a ele acedemos através dessa acidentada superfície. Há muitas maneiras de pensar a paisagem, de ouvi-la, de falar dela, de mostrá-la, consoante a forma de transitarmos pela longa duração dos lugares.

Optou-se, talvez por imposição do espaço estreito e alto do suporte, por recorrer um objecto comum, feito para ligar espaços disjuntos, a diferentes alturas: a escada de mão, desmaterializada, no entanto, por uma aguada azul.

Assim se evoca a sucessão de andares entre o mar e a serra, dos basaltos às casas, dos verdes aos nevoeiros, sem a exaustividade da fitogeografia e da geologia, sem o registo da fotografia, da pintura ou desenho. Apenas se atenta na memória dos percursos, nas palavras e nos seus ecos, no trabalho da memória. Uma paisagem percorrida, vista e nomeada: areia, calhau, rocha, casas, poios, serra, nuvens, céu.


                                                                                                        Isabel Santa Clara

KEVIN BRANDY


Nasceu em Luxemburgo, 1989

Estudos           
Escola Waldorf Luxemburgo, 1996-2004
Técnica de Pintura no Liceu Luxemburgo, 2004-2007


Vive e trabalha em Luxemburgo

Descobriu o fascínio pela pintura, explorando as cores e as composições desde a sua primeira infância. Este gosto deve à sua experiência na Waldorf School, em Luxemburgo, onde em 2007 fez um estágio e desde então tem trabalhado como um artista independente .

Kevin Brandy trabalha principalmente com tintas como o óleo, pastel e aguarela, que dão às suas pinturas um conjunto cromático rico, através destas  componentes transforma as suas imagens através das cores fortes em dinâmicas radiações que contrastam com uma certa harmonia e paz.

Uma análise de suas fotos mais de perto e de forma mais ampla, percebemos que o artista tem um monte de atenção aos detalhes. Muitas vezes, uma cor não é apenas a cor em si, mas é uma mistura de muitas cores que o artista tem combinados e misturados.

Ao olhar para as obras de Kevin, tem-se a impressão de que o artista não só pinta o que vê, mas também o que ele vê em si próprio. Em cada uma das suas obras lida com sua vida pessoal, suas impressões, talvez até mesmo com seus problemas. Cada imagem tem seu próprio caráter e, assim, sua própria história que ele contém dentro de si, mas todos precisam descobrir por si mesmos.

Através de uma paciência extraordinária, Kevin consegue formar um conjunto equilibrado de diferentes elementos, onde é frequente complementar com recortes de jornal de cores vivas.